Por Yasmin Figueiró
— Nas últimas décadas, cientistas do mundo inteiro alertam sobre as alterações nos padrões climáticos. Há uma tendência de aquecimento a longo prazo na temperatura média global, impactando diretamente as condições de vida no planeta.
Pensando nisso, o projeto Maretório, do Centro de Formação em Desenvolvimento Territorial da Universidade Federal do Sul da Bahia, desenvolveu uma abordagem lúdica de comunicação científica, voltada às mudanças climáticas, para escolas públicas da região extremo sul da Bahia, com foco nos ecossistemas costeiros e nas ações de mitigação e adaptação.
“A comunicação científica pode quebrar essa barreira fazendo com que os jovens, a sociedade em geral, compreendam esses temas que às vezes são muito áridos”, afirma Frederico Monteiro Neves, professor coordenador do projeto.
Inicialmente financiada com recursos do British Council, a iniciativa foi idealizada em 2021 por Frederico, em conjunto com pesquisadoras da Universidade Federal do Pará, Dra Rebecca Borges e Dra Roberta Sá Barboza, e pesquisadores da Inglaterra, Dra Sara Mynott e Dr Nick Weise da University of Mancheste. O projeto utiliza dois jogos didáticos como um instrumento de mediação e já realizou mais de dez oficinas envolvendo mais de 600 pessoas, entre jovens e adultos, na região da Reserva Extrativista Marinha (Resex) Corumbau.
Criada em 21 de setembro de 2000, a Resex Corumbau é uma Unidade de Conservação (UC) de uso sustentável. Com isso, respeitando as regras de preservação, a extração de recursos naturais é permitida aos beneficiários da reserva.
Para Joyce Viana, discente da UFSB e participante do projeto, o Maretório mudou sua perspectiva acerca da comunicação científica.
“Para mim, foi um mundo completamente novo. Eles tinham muita dificuldade de falar, se expressar. Quando falamos de Resex, ninguém sabia o que era a Resex, sendo que eles moram dentro da Resex. E isso é um dado chocante”, relembra.
O objetivo geral do projeto é dar visibilidade às percepções dos estudantes sobre a problemática das mudanças climáticas regionalmente, assim como compreender a realidade dessas comunidades. O Quebra-Cabeça Corumbau, por exemplo, é um mapa da reserva, que surgiu a partir do diálogo com pescadores e marisqueiras, e retrata todas as peculiaridades a partir das perspectivas deles.
“Muitos alunos falaram sobre, de que o legal do jogo da memória era que tinha os conceitos que explicavam. Então não era só uma coisa de escolher os pares e já foi. Porque eles liam e estavam aprendendo e brincando, se divertindo ao mesmo tempo”, comenta Joyce Viana.

Segundo Frederico, o Maretório publicará em breve os resultados efetivos das etapas anteriores em suas plataformas e continuará com as oficinas e jogos didáticos em mais escolas, instituições e eventos, avançando com o debate da mudança climática na região.
Para acompanhar os próximos passos e conhecer mais sobre o projeto, siga-os nas redes sociais @projetomaretorio.