Por Luis Fabiano
– Adriana Pesca Pataxó, primeira indígena a ser contratada como professora permanente na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), prepara agora sua nova pesquisa, sobre as “poéticas do corpo indígena”. O objetivo, segundo ela, é discutir como a escrita de mulheres indígenas é atravessada por violências étnicas, raciais e de gênero.
“Iniciarei a pesquisa trazendo à discussão como a escrita de mulheres indígenas é movida e atravessada por violências étnicas, raciais e de gênero, por meio do duplo silenciamento que sofremos por sermos indígenas mulheres”, explica ela. “Nossa escrita está marcada por essa pertença de um corpo que é território, e um território que é corpo”, explica a docente. Antes de ingressar na UFSB, no início de 2024, deu aula por duas décadas nas escolas indígenas de Coroa Vermelha. A terra indígena pataxó fica vizinha a Porto Seguro, no município de Santa Cruz Cabrália.
A professora Adriana Pesca, também conhecida pelo seu nome indígena, Hitxá Pataxó, tem se destacado por seus estudos sobre a literatura indígena no país. “O primeiro desafio foi encontrar referências que subsidiassem meu trabalho, pois as produções realizadas pelos intelectuais indígenas eram pouco visibilizadas e de difícil acesso”, conta Adriana sobre os primeiros passos de suas pesquisas.
Mestre em Ensino e Relações Étnico-raciais pela UFSB e agora professora do Centro de Formação em Artes e Comunicação (CFAC), no campus de Porto Seguro, ela relata que seus trabalhos mais recentes focaram na produção autoral dos sujeitos indígenas como instrumento de resistência, tendo como mote a Literatura Indígena Brasileira Contemporânea. “Um dos potenciais de ação dessa pesquisa foi me possibilitar estar com pesquisadores e escritores indígenas realizando trocas e partilhas de saberes e escritas”, completa a professora.
“Para o futuro, e acima de tudo, para o presente, e eu enxergo a presença de nossas vozes, corpos, saberes e fazeres ocupando esses espaços e desconstruindo imaginários recheados de ideias racistas e preconceituosas sobre nós e nossos modos de fazer e estarmos no mundo”, finaliza Hitxá.