Museu Indígena de Coroa Vermelha tem exposição em parceria com UFSB

25 de junho de 2025
Museu Indígena de Coroa Vermelha reabre com nova exposição
Entrada do Museu Indígena Pataxó da Aldeia de Coroa Vermelha em Santa Cruz Cabrália (BA)

Por Kamila Rocha

— Os artistas plásticos Arissana Pataxó e Oiti Pataxó estão à frente da curadoria da exposição do Museu Indígena Pataxó, da Aldeia Coroa Vermelha (BA), em parceria com a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). A colaboração teve início em 2021 e resultou na reabertura com a exposição “Ãbakohay ūg kahab: memória e viver Pataxó” em 2024, que segue aberta para visitação. 

A exposição engloba diversas expressões artísticas produzidas pelo povo pataxó. Desde fotografias, documentos e jornais que contam parte da luta e mobilizações pataxós a instrumentos de uso diário como armadilhas usadas na caça, vestimentas tradicionais, elementos simbólicos e um acervo de livros produzidos por professores Pataxó. 

Cawikixay Pataxó, guia do Museu Indígena Pataxó apresentando exposição fotográfica do Museu Indígena Pataxó

A parceria com a UFSB continua, agora com o aprofundamento da pesquisa para a ampliação da exposição. Os curadores seguem pesquisando e reunindo documentos, imagens e avaliando os materiais já expostos. A artista antecipa que a proposta para a futura exposição — que ainda não tem uma data definida — é incluir conteúdos que ficaram de fora da mostra anterior. ‘’A gente vai agregar o que faltou, mais do que a gente não conseguiu trazer’’, afirmou Arissana.

‘’Aqui também não é só um espaço de museu, também foi um espaço de fortalecimento da cultura’’— segundo Cawikixay Pataxó, guia do local. O museu é mais do que um espaço expositivo e contribui na preservação da identidade cultural Pataxó.

‘’É um museu muito para nós também, ele é um museu para o visitante, mas ele é um museu para nós’’ destaca Arissana sobre a importância da história ser contada a partir do ponto de vista pataxó.

Para a ampliação da exposição, a proposta é aprofundar ainda mais o protagonismo indígena na construção das próprias narrativas e atender às necessidades da comunidade. Oiti complementa: ‘’É uma questão da descolonização do próprio espaço, porque o museu, para nós, é uma coisa violenta’’. 

Memória Pataxó, acrílica sobre tela, 2016 por Arissana Pataxó, em exposição no Museu Indígena Pataxó

O museu foi inaugurado durante os festejos dos 500 anos do “descobrimento” do Brasil, mas foi posteriormente abandonado pelas autoridades ao longo dos anos, enfrentando problemas de manutenção. A falta de manutenção compromete tanto a estrutura física quanto o acervo, um desafio que ainda persiste. ‘’A gente vai ter que trabalhar também nessa questão da conservação”, reforça Arissana, destacando os desafios para a reabertura do museu e conservação das peças. 

‘’Museus, casas de memória e de cultura fortalecem muito a questão do território, educação e da vivência cotidiana dentro da comunidade’’, avalia Oiti. Espaços como esses são fundamentais para a valorização da história e da cultura pataxó.

Arissana Pataxó é artista, educadora e doutoranda em Artes Visuais pela UFBA, leciona Patxohã (língua originária Pataxó) no Colégio Estadual Indígena de Coroa Vermelha e foi vencedora do Prêmio PIPA (2016), um dos mais importantes da arte contemporânea no Brasil. Suas obras estão disponíveis em: https://arissanapataxo.blogspot.com/2021/06/exposicoes-em-2019.html?m=1

Morador da Reserva da Jaqueira (Porto Seguro–BA), Oiti Pataxó é professor, artista e coordenador da Casa de Memória, espaço que abriga esculturas de sua autoria, dedicadas à história pataxó. A Casa de Memória pode ser visitada e funciona de segunda a sexta das 08h às 15h e aos sábados das 08h às 12h na Reserva da Jaqueira. Algumas de suas obras estão também disponíveis em seu perfil na rede social @oitipataxo84.

Esculturas ”Boneca Pataxó” Guerreira Pataxó e Guerreiro Pataxó em madeira, 2023  por Oiti Pataxó, em exposição no Museu Indígena Pataxó

O Museu Indígena Pataxó fica localizado na feirinha de Coroa Vermelha, a 15 km do centro de Porto Seguro. Está aberto para visitação todos os dias, das 09h às 17h, e a entrada custa R$ 5,00 por visitante. O valor é revertido em cuidados e manutenção do museu. Acompanhe o museu também pelas redes sociais: @museu_indigena.

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