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Museu Indígena de Coroa Vermelha tem exposição em parceria com UFSB

Por Kamila Rocha

— Os artistas plásticos Arissana Pataxó e Oiti Pataxó estão à frente da curadoria da exposição do Museu Indígena Pataxó, da Aldeia Coroa Vermelha (BA), em parceria com a Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). A colaboração teve início em 2021 e resultou na reabertura com a exposição “Ãbakohay ūg kahab: memória e viver Pataxó” em 2024, que segue aberta para visitação. 

A exposição engloba diversas expressões artísticas produzidas pelo povo pataxó. Desde fotografias, documentos e jornais que contam parte da luta e mobilizações pataxós a instrumentos de uso diário como armadilhas usadas na caça, vestimentas tradicionais, elementos simbólicos e um acervo de livros produzidos por professores Pataxó. 

Cawikixay Pataxó, guia do Museu Indígena Pataxó apresentando exposição fotográfica do Museu Indígena Pataxó

A parceria com a UFSB continua, agora com o aprofundamento da pesquisa para a ampliação da exposição. Os curadores seguem pesquisando e reunindo documentos, imagens e avaliando os materiais já expostos. A artista antecipa que a proposta para a futura exposição — que ainda não tem uma data definida — é incluir conteúdos que ficaram de fora da mostra anterior. ‘’A gente vai agregar o que faltou, mais do que a gente não conseguiu trazer’’, afirmou Arissana.

‘’Aqui também não é só um espaço de museu, também foi um espaço de fortalecimento da cultura’’— segundo Cawikixay Pataxó, guia do local. O museu é mais do que um espaço expositivo e contribui na preservação da identidade cultural Pataxó.

‘’É um museu muito para nós também, ele é um museu para o visitante, mas ele é um museu para nós’’ destaca Arissana sobre a importância da história ser contada a partir do ponto de vista pataxó.

Para a ampliação da exposição, a proposta é aprofundar ainda mais o protagonismo indígena na construção das próprias narrativas e atender às necessidades da comunidade. Oiti complementa: ‘’É uma questão da descolonização do próprio espaço, porque o museu, para nós, é uma coisa violenta’’. 

Memória Pataxó, acrílica sobre tela, 2016 por Arissana Pataxó, em exposição no Museu Indígena Pataxó

O museu foi inaugurado durante os festejos dos 500 anos do “descobrimento” do Brasil, mas foi posteriormente abandonado pelas autoridades ao longo dos anos, enfrentando problemas de manutenção. A falta de manutenção compromete tanto a estrutura física quanto o acervo, um desafio que ainda persiste. ‘’A gente vai ter que trabalhar também nessa questão da conservação”, reforça Arissana, destacando os desafios para a reabertura do museu e conservação das peças. 

‘’Museus, casas de memória e de cultura fortalecem muito a questão do território, educação e da vivência cotidiana dentro da comunidade’’, avalia Oiti. Espaços como esses são fundamentais para a valorização da história e da cultura pataxó.

Arissana Pataxó é artista, educadora e doutoranda em Artes Visuais pela UFBA, leciona Patxohã (língua originária Pataxó) no Colégio Estadual Indígena de Coroa Vermelha e foi vencedora do Prêmio PIPA (2016), um dos mais importantes da arte contemporânea no Brasil. Suas obras estão disponíveis em: https://arissanapataxo.blogspot.com/2021/06/exposicoes-em-2019.html?m=1

Morador da Reserva da Jaqueira (Porto Seguro–BA), Oiti Pataxó é professor, artista e coordenador da Casa de Memória, espaço que abriga esculturas de sua autoria, dedicadas à história pataxó. A Casa de Memória pode ser visitada e funciona de segunda a sexta das 08h às 15h e aos sábados das 08h às 12h na Reserva da Jaqueira. Algumas de suas obras estão também disponíveis em seu perfil na rede social @oitipataxo84.

Esculturas ”Boneca Pataxó” Guerreira Pataxó e Guerreiro Pataxó em madeira, 2023  por Oiti Pataxó, em exposição no Museu Indígena Pataxó

O Museu Indígena Pataxó fica localizado na feirinha de Coroa Vermelha, a 15 km do centro de Porto Seguro. Está aberto para visitação todos os dias, das 09h às 17h, e a entrada custa R$ 5,00 por visitante. O valor é revertido em cuidados e manutenção do museu. Acompanhe o museu também pelas redes sociais: @museu_indigena.

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