Por Isabela Lima
— Com o objetivo de enriquecer a formação educacional das crianças indígenas da aldeia Tucum, em Ilhéus, alunos e docentes da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) trabalham na criação de um jatainário no Colégio Estadual Indígena Tupinambá, a fim de fortalecer a autonomia e a identidade cultural da região. “A proposta desse projeto é recuperar esse saber tradicional dentro das comunidades indígenas”, destaca Nadabe Reis, professora da UFSB que foi a idealizadora do projeto. Ela complementa: “O papel da universidade é só preparar a cápsula. O saber, o remédio já existe. O papel da academia é mostrar o que já foi comprovado”.
As pesquisas para implantação do Jatainário por Nadabe e sua equipe buscam alinhar práticas pedagógicas ao saber popular, destacando a importância das abelhas sem ferrão, como a espécie jataí (Tetragonisca angustula), para ensino de responsabilidade com a natureza, reforçando a troca entre saberes tradicionais e científicos. “Eu quis ensinar para as crianças da comunidade um pouquinho dos benefícios das abelhas que a gente nem menciona mais. E no meio dessa sociedade do consumismo, as pessoas não têm mais essa compreensão de que se a gente não tiver abelha, logo temos a perder o maior número de espécies vegetais e animais. Eu escolhi trabalhar no projeto de extensão com ela, porque eu percebi que nessa comunidade a gente tem a presença de jataí, e ela é fácil de ser criada, o manejo é simples”, relata a professora.
A criação de abelhas sem ferrão é uma prática comum entre comunidades indígenas de várias partes do Brasil, sendo chamada de meliponicultura. O nome “jatainário” refere-se a um espaço de criação de abelhas jataí.
A intenção é que o projeto alcance anexos, assentamentos e outros espaços da região. “O que ainda trava um pouquinho isso aí é a questão do auxílio que a gente recebe. Hoje, o auxílio liberado é de mil reais para você executar uma atividade em 12 meses”, explica.
Além disso, Nadabe expõe a dificuldade de preservar o bem estar das abelhas em época de aplicação do veneno contra o mosquito da dengue: “Há uma necessidade de a gente ter uma manutenção dessas abelhas dentro da cidade, e trazer isso como um indicador para a gestão pública, para gente repensar nossos modelos de preservação”.
Interessados no projeto podem entrar em contato com a professora pelo email: nadabereis@ufsb.edu.br.