Usando jogos, projeto promove culturas afro-brasileiras e indígenas em escolas

12 de novembro de 2025
Usando jogos, projeto promove culturas afro-brasileiras e indígenas em escolas

Por Maria Clara Soares

– Uma ação liderada por estudantes universitários está promovendo o ensino contínuo e dinâmico da história e cultura afro-brasileiras e indígenas por meio de jogos, em turmas do fundamental II e médio, em escolas públicas de Porto Seguro e região. A Oficina Sons e Saberes Afro-brasileiros e Indígenas é um projeto de extensão da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB).

O ensino da história e culturas afro-brasileiras e indígenas dentro das instituições de ensino é obrigatório no Brasil. A Lei 11.645, de 2008, passou a exigir que esses conteúdos estivessem presentes no currículo escolar de unidades de ensino fundamental e médio, tanto públicas como privadas.

Apesar da lei, Vitória Sellen, aluna da Licenciatura em Artes e idealizadora do projeto, observou durante seus estágios em escolas da região que os temas não eram tão bem trabalhados:

“Eu percebia que a lei 11.645 era na maioria das vezes trabalhada de uma forma muito superficial. Por exemplo, só no novembro negro e também de uma forma muito estereotipada. Então eu pensei em trazer de uma forma dinâmica pra dentro da sala de aula jogos que trabalhassem essa cultura”. 

Além de levar às escolas o que é obrigatório por lei, as oficinas também têm o objetivo de aproximar os alunos de suas próprias culturas, fugindo do ensino eurocêntrico que tem grande presença no currículo escolar básico. 

Dois jogos são promovidos pela oficina. O primeiro é o “Mito da Criação”. Nele, os alunos assistem a um vídeo sobre um mito indígena da criação e, em seguida, são divididos em dois grupos. Cada grupo recebe 31 cards e deve montar a sequência cronológica do mito conforme mostrado no vídeo. O grupo com o menor número de erros vence o jogo.

O segundo jogo é o “Ritmos da Raiz”, que trabalha a cronologia das músicas, com cinco questões para cada um dos estilos musicais abordados: capoeira, samba, samba reggae, reggae, axé, funk, rap e trap. A tarefa começa com uma contextualização sobre como os estilos musicais chegaram e se desenvolveram no Brasil. Também é exibido um trecho do documentário AmarElo, do cantor Emicida. Após essa breve explicação, os alunos, ainda divididos em dois grupos, participam de um jogo de perguntas e respostas sobre cada estilo musical apresentado.

A utilização dos jogos como ferramenta de ensino é uma forma de promover os conteúdos de maneira mais lúdica, despertando maior interesse por parte dos alunos. Para Matheus Lukas, estudante do 9º ano do Ensino Fundamental II, essa metodologia tornou o aprendizado mais atrativo.

“Foi uma forma bem divertida. Menos chata de aprender, né? Uma forma ali mais alternativa. Gostaria que tivesse mais dias assim. Seria legal”, declarou o jovem após participar da oficina.

A Oficina Sons e Saberes Afro-brasileiros e Indígenas já esteve presente em quatro escolas púbilcas de Porto Seguro e em uma de Santa Cruz Cabrália. Quinze estudantes da UFSB participam do projeto, que é supervisionado pela historiadora Ivana Ganerman.

Interessados na oficina podem entrar em contato e acompanhar as atividades pelas redes sociais: @oficina.ssai.

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