Por Felipe Moraes
Para os pesquisadores do grupo de pesquisa Educação Digital Interativa da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), a telemedicina, mais conhecida como “consultas online”, é uma importante ferramenta para evitar o sobrecarregamento e possível colapso do sistema de saúde da Bahia durante a pandemia da Covid-19. “A telemedicina pode ser uma forma de democratizar o acesso à saúde, uma vez que as tecnologias permitem a presença de profissionais da saúde onde há escassez”, afirma a estudante de medicina Lorena Aguiar, integrante do grupo de pesquisa.
Para a professora Jane Guimarães, uma das coordenadoras do grupo, a nova modalidade de atendimento é promissora, uma vez que “o paciente pode receber todo o atendimento através da internet, desde a triagem até o monitoramento diário pelo WhatsApp, e só em caso de necessidade deverá se locomover até a unidade de saúde”.
De acordo com o projeto de pesquisa em andamento, os postos de saúde são a porta de entrada dos pacientes no Sistema Único de Saúde (SUS), e, com o atendimento online, eles não precisarão se deslocar para essas unidades para se consultarem, desafogando o sistema de saúde e evitando aglomeração e a propagação da doença nesses espaços.
Para Lorena, a execução da proposta precisa ser realizada com cuidado. “É necessário um acompanhamento na implantação dessa nova ferramenta, para que não haja uma acentuação na desigualdade de distribuição dos profissionais de saúde só para quem tem acesso às tecnologias digitais”.
Esse anseio também é compartilhado pela professora Jane, que afirma que a telemedicina “é o futuro”: “Não há mais volta, a questão agora é melhorar [o acesso] às tecnologias para não excluir ninguém”.
Para enfrentar essa e outras dificuldades, Lorena defende um amplo debate sobre a questão. “Além da necessidade de recursos para qualificação e infraestrutura, ainda há muita falta de interesse por parte dos gestores e profissionais de saúde em entender e compreender a telemedicina”, afirma a estudante. “Nós temos muitos mitos que se criaram entorno dessa temática, tanto do lado da população quanto dos profissionais da área”, complementa.
Ela também afirma que a UFSB tem papel importante nessas discussões, principalmente “na promoção de pesquisas e debates para estimular a adoção dessa ferramenta pelos gestores e profissionais locais”. De acordo com ela, há mais pontos positivos que negativos: “Apesar de o SUS ter várias fragilidades, a telemedicina tem sim, potencial, desde que seja feita de forma correta e adequada, com profissionais qualificados, uma boa rede de telecomunicações e um acompanhamento de perto por parte do Estado”.
Esses resultados preliminares fazem parte de uma pesquisa em andamento desenvolvida no campus Paulo Freire, em Teixeira de Freitas, com financiamento do Programa de Iniciação à Pesquisa, Criação e Inovação (PIPCI) da UFSB.