Por Larissa Santos
– Um projeto de extensão criado por professores e alunos da Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) está realizando, ao longo deste ano, leituras dramáticas em espaços culturais em Porto Seguro. Nesse tipo de apresentação, os atores leem as falas de seus personagens, utilizando-se de alguns objetos cênicos para melhor compor a performance.. Já foram realizadas leituras de três peças, e ainda acontecerá mais uma até novembro.
O projeto Circuitos de Leituras Dramáticas é coordenado pelo dramaturgo e escritor Éder Rodrigues da Silva, professor do curso Artes do Corpo em Cena, do Centro de Formação em Artes e Comunicação da UFSB. Silva já escreveu mais de 18 peças, entre elas “A Última Rave do Século XX”, publicada em 2023. Ele conta que a ideia de iniciar o projeto partiu da defasagem de espaço dramatúrgico na região. “No âmbito da escrita, o segmento da dramaturgia é o que menos tem projeção e visibilidade. E faz parte do meu trabalho mobilizar frentes de produção e difusão de textos criados para a cena”, afirma.
A primeira apresentação do projeto ocorreu em outubro de 2023, com a peça “Ela me chama de Veno”, escrita por Vinícios Santos, estudante da UFSB, O monólogo (peça com um único personagem), apresentado na sede do Centro Educacional de Pesquisa e Cultura (CEMPEC), tem como cenário uma casa em ruínas em meio aos destroços de um lar em desconstrução, trazendo consigo questões subjetivas sobre estruturas familiares e processos tóxicos de construção de masculinidade. Já a segunda leitura dramática, “Maria vai com as outras”, ocorrida em março deste ano no Clube da Amizade, espaço sociocultural da região, foi escrita por Ione Maria, professora do ensino básico e também formada pela Licenciatura Intercultural em Artes da UFSB , fala sobre o luto compartilhado de três mães que perderam seus filhos assassinados.
Locais de resistência da arte em Porto Seguro são o foco do projeto, afirma Priscila de Cássia Pereira, produtora do circuito. “Se você for pensar em cultura no Brasil, sem fomento, sem patrocínio, sem nada, é um lugar de muita resistência [o CEMPEC] . É um lugar de leitura, de troca de conhecimento, teatro, dança”, diz ela.
As leituras das peças ‘Isso aqui é teatro, meu amor!”, de Caz Ångela, ex-aluna da UFSB, e “Solar dos Martins”, de André Simeão (artista de Porto Seguro e professor do CEMPEC), fecharão o projeto até o fim do ano. A previsão é que o próximo evento aconteça no Centro de Cultura de Porto Seguro.